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23º Congresso Medicina Geral Familiar

Elsa Conde

“As crianças estão sempre a aprender”

Elsa Conde, subcomissária do Plano Nacional de Leitura 2027 e responsável pelo Programa Ler+ dá Saúde estará em Évora para divulgar os méritos e potencialidades deste último projeto, fundamental para o aumento da literacia na população infantil e juvenil e desenvolvido com o apoio dos médicos de família portugueses.

 

Como resumiria os princípios gerais do programa, para os médicos de família que ainda não o conhecem?

 

Elsa Conde – O Programa visa envolver os profissionais de saúde na promoção de práticas e hábitos de saúde familiar que influenciem o desenvolvimento de competências de literacia emergente, potenciando o desenvolvimento da linguagem oral, o sucesso na aprendizagem da linguagem escrita e nas aprendizagens, em geral, e ainda a motivação para a leitura nas crianças dos 0 aos 6 anos.

As crianças estão sempre a aprender e as famílias enquanto facilitadoras das aprendizagens, num ambiente eminentemente afetivo, são o seu principal contexto promotor de desenvolvimento. Todavia, muitas famílias não estão suficientemente conscientes da importância do seu papel no desenvolvimento da literacia das crianças e não sabem como apoiar esse desenvolvimento e fomentar a motivação das crianças para hábitos de vida saudável.

A atuação dos profissionais de saúde, pela proximidade que têm com as famílias e pelo seu papel de promoção de comportamentos que favoreçam o bom desenvolvimento das crianças, pode contribuir para reforçar a tomada de consciência de que são o principal contexto de estimulação das crianças e que o seu envolvimento precoce com a leitura favorece um percurso escolar de sucesso e maior qualidade de vida. Assim, o Programa pretende dotar os profissionais de saúde do conhecimento e das ferramentas necessárias para sensibilizar as famílias para o valor das práticas de literacia familiar, nomeadamente o contacto diário com livros adequados a cada idade e a leitura de histórias em voz alta, independentemente do seu nível de literacia.

 

Que vantagens diretas julga que as famílias integradas nas listas dos médicos de família podem recolher?

 

Diretamente, as famílias podem desenvolver competências relacionadas com o conhecimento de práticas e hábitos de literacia familiar que promovem a literacia emergente das crianças: brincar, cantar, conversar, descobrir a escrita em redor, ler histórias…

Pode igualmente aumentar o tempo dedicado à leitura em voz alta em família e ao convívio diário entre pais e filhos, fomentando o diálogo e a atenção dos adultos às crianças, assim como o incremento da qualidade na forma como os livros são lidos às crianças. Paralelamente, as crianças obterão também vantagens, nomeadamente, por via do acesso a livros de literatura infantil de qualidade e outros suportes de leitura e do aumento do número de livros que lhes são lidos em contexto familiar.

De uma forma global, as famílias recolhem a vantagem de conhecer formas e meios para criar oportunidades espontâneas ou intencionais que contribuam para o desenvolvimento dos seus filhos de uma forma harmoniosa, através da sua participação em práticas que lhes permitem perceber as funções da linguagem escrita, motivar-se para a leitura e envolver-se em atividades de escrita inventada, espontânea ou por cópia.

 

Como tem sido a adesão dos profissionais dos centros de saúde ao programa até agora e que metas de cobertura gostariam de atingir?

 

Os profissionais de saúde têm-se mostrado muito recetivos. Contamos até à data com 236 unidades de saúde registadas no Portal do PNL2027, das quais 70 já concluíram a sua inscrição para o arranque do Programa ainda em 2019.

 

Que estratégias fundamentais pretende o programa desenvolver, a curto e médio prazo, para se tornar mais conhecido e procurado por aqueles que dele podem beneficiar?

 

Os principais disseminadores do Programa Ler+ dá Saúde, são, em primeiro lugar, os próprios parceiros do Programa: a Direção-Geral de Saúde, a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, a Fundação Aga Khan, a APMGF. Além diss,o contamos com o patrocínio da Porto Editora e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Todos são, enquanto parceiros, promotores do Programa.

O PNL2027 continua, entretanto, a efetuar contactos de proximidade com todas as unidades de saúde, quer as que já integraram a 1.ª fase do Programa, quer as outras unidades que só agora tiveram um primeiro contacto com ele.

No portal do PNL está disponível toda a informação, bem como os materiais de apoio aos profissionais de saúde e os que serão distribuídos às famílias.

A ESEL está a criar um filme promocional sobre o Programa para divulgação nas unidades de saúde. A Fundação Aga Khan tem em agenda a criação futura de uma app.

O Congresso da APMGF é também uma boa oportunidade para, a par de outros eventos, divulgarmos o Programa. Estamos, pois, muito expectantes e entusiasmados com a perspetiva de poder chegar a novos públicos e os podermos sensibilizar para a adesão ao Ler+ dá Saúde. Pelo direito à leitura e à literacia, como condição para uma vida melhor!

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